Autodeterminação dos povos e integração latino-americana por meio da valorização da cultura e da democratização da comunicação.

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13 de abril de 2009 —

Comércio Justo

Estou em um hostel de muitos viajantes, no quarto posso ver um mapa mundi rabiscado, lugares bonitos, caminhos interessantes, um X sobre os States e a palavra MERDA! Em outro lado um FORA YANKES também demonstra o que todos pensamos: chega de exploracao!
Se antes era proibido falar quechua no centro de La Paz e se de um lado era espanhol e outro indígena, hoje a liberdade é vista por todo lado, muito bem representada pela linda bandeira dos povos indígenas da américa. A mudanca foi clara desde Evo Pueblo, como é carinhosamente pichado por todos os lados, estradas, povoados.
A coca também esta muito presente, ambas. A coca-cola e a ora de coca. A personal custa $1 em qualquer venda, e também a compania comprou a pouco a principal concorrente local, a Inca Cola. Mais uma perda pra industria nacional, e mais uma demonstracao de como as grandes empresas atuam pra conquistar mais lucros em todo o mundo, exterminando ou comprando seus concorrentes. Controlando o mercado com precos baixos. Enchendo o bolso de um, e explorando os demais. Mais ainda há concorrentes, como a Coca Quinua e outras locais, e também é ótimo ver o vapor saindo das grandes caldeiras da Cervejaria Nacional Boliviana, enchendo de Pacena a todos.
Mas ainda que seja uma perda, é bom ver que podemos comprar em qualquer lugar, nao só a coca cola, mas tudo que se possa imaginar. As ruas e avenidas estao todas tomadas por vendedores ambulantes, barraquinhas, banos no cháo, sacolas, potes, tudo. Por isso se ve vida na cidade, a rua esta tomada por seus cidadaos que vendem a outros. É um elo social forte. A mamitcha que te oferece uma saltenha quentinha pela manha. E tambem muitas flores que colorem as ruas. Comidas, de tudo. Mas nem tudo é recomendado.
Mas recomendado mesmo é a coca. A ora esta presente na vida de todos, pois é um santo remédio. Para mal de estomago, de altura, de cabeca. Chas, balas, gomas, naturais. Em uma cidade a 3h daqui, aconteceu um festival de música nesta páscoa, e era uma fazenda que plantava coca. Conversando com os dois proprietários, me contaram que seu filho esta no Brasil, e que todos da regiáo as tem. Tradicao, cultura. A oha de coca é sagrada pra eles como pra nós é o café, que aliás aqui é terrível.
Fico pensando como estamos atrasados neste sentido, o Brasil sempre foi muito explorado por grandes empresas, e além de boicotes economicos, também seus interesses sao defendidos em variados órgáos políticos e culturais. Que tristeza dá ao pensar que a Feira do Largo da Ordem é controlado por anos, sempre os mesmos. Cade nossa diversidade? Algo que tanto admiram no Brasil? Que facamos mais como nossos hermanos, que tenhamos mais proximo de nossa vida a economia. Que as ruas sejam tomadas por pessoas vendendo seus produtos. Me lembro de um tiozinho, protestando contra o Wall Marte em seu estacionamento. Ele nao podia abaixar mais o preco que vendia ao mercado, nao houve negociacao. Entao ele vendia ali, por $50! sua producao daquele mes, e protestava. Porque queriam ganhar tanto em cima de seu trabalho??
O conceito de público é muito melhor entendido pelos bolivianos, ocupam o espaco mesmo. Pelas ruas, alem de economia, também se ve politica, em varias rodas de discussóes. Serrissimas. Se ve encontro e diversao pras criancas nas pracas. Se encontra teatro aos domingos com vários artistas amadores. Tudo simples, tudo funcionando. A rua, o público. Nosso espaco de direito. Nosso dever de ocupar.

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