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2 de agosto de 2009 — anacarolina

Mudança sutil no foco do Plano Colômbia

plano-colombiaSutilmente, o governo de Barack Obama parece desviar o foco do Plano Colômbia da proposta original – de auxílio ao combate a produção e do tráfico de drogas para operações militares de contra-insurgência.

É certo também, que “fora os países do Oriente Médio, a Colômbia é quem mais recebe ajuda militar dos EUA no mundo e é seu principal aliado na América do Sul”, algo que só tende a aumentar após o Equador ter decidido não renovar a permissão para os EUA usarem a base aérea de Manta.

Mesmo assim, demonstrando claramente sua posição política, o jornal a folha de são paulo de domingo (02/07), em específico o jornalista Ricardo Bonalumeneto, fez a seguinte análise: “O presidente venezuelano Hugo Chávez é um gênio da propaganda. Conseguiu que a América Latina desviasse a atenção de um fato seríssimo – a Colômbia ter achado com as Farc foguetes antitanque AT-4 que foram vendidos pela Suécia ao Exército da Venezuela”. Se não bastasse, o jornalista reforçou, “um pequeno aumento do número de militares americanos em cinco bases colombianas, algo muito natural com a recusa equatoriana na base aérea de Manta”. Vejo essa posição como entreguista por demais. Os fins (enfraquecer Chavez) justificam os meios (usar a Colômbia!).

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Tenho certeza que a questão aqui abordada não se trata apenas de números e cifras, mas de ações simbólicas e tendências preocupantes no continente sul-americano. Falamos de soberania nacional na América Latina. Os norte americanos são imperialistas e essa relação nunca mudará se os países latino americanos não se organizarem e se posicionarem contra pequenos desmandos, potenciais geradores de maiores problemas futuros. Nesse sentido, é salutar o pedido do presidente Lula pela convocação do Conselho de Defesa no âmbito da Unasul, que se reunirá no Equador, no próximo dia 10 de Agosto.

Enquanto o contraditório governo da Colômbia, do paramilitar Alvaro Uribe, diz ter derrotado as Farcs, o militar estadunidenses, General Douglas Fraser afirma que “as Farcs não estão derrotadas e nós temos de continuar esse esforço”. Além disso, o general afirma “se preocupar com o crescimento militar da Venezuela; não vê uma ameaça militar convencional na região e por isso é contrário ao aumento das Forças Armadas no país de Chavez.”

Na minha opinião, isso demonstra que os EUA, para equilibrar a correlação de forças na região, buscam maquinar a Colômbia, parceira incondicional, com a desculpa de combater o narcotráfico. O poder imperialista não aceitaria facilmente a rejeição no Equador o que fica demonstrado nessas novas movimentações na Colômbia. A Unasul precisa agir rapidamente, já que o golpe de estado em Honduras vem trazendo novos questionamentos sobre a estabilidade democrática de todo continente.

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O Chanceler Celso Amorim tomou partido na nova crise entre Colômbia e Venezuela. Citando Millôr Fernandes, para comentar conduta de Chavez, ironizou: “O fato de eu ser paranóico não significa que não esteja sendo perseguido”. Afirmou também que “isso tudo é um fato novo. Se fosse a mesma coisa que já tinham, não precisavam fazer um novo acordo, não é? Além disso, “a impressão é que as bases servem para operação de aviões com raio de ação muito grande. Tudo isso sem consultar os países sul-americanos.” No mais, Amorim afirma que “O Brasil quer saber se o comando das operações ficará com os EUA ou com a Colômbia e se haverá ampliação no limite de até 800 militares e de até 600 civis americanos. Sobre as armas suécas vendidas a Venezuela terem ido parar nas mãos da guerrilha, Amorim afirma: “Não sei quando ocorreu, nem se ocorreu, e, se ocorreu, se foi antes ou depois do Chávez. E se foram roubadas ? Armas podem chegar nas Farcs assim como chegam nas favelas do Rio. Esse episódio é minúsculo se comparado ao episódio das bases militares.”

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