Tudo meu
Sinto que penso que sei o que acho que sonho
Ouço o silêncio noturno contar-me segredos do tolo e do rei
Fecha os olhos
Sente o cheiro
A rosa que surge na praça brotou no cimento e se ergue no ar
A poesia, a rua, o beco
o castelo e o pedreiro
a bruxa e o cocar
É tudo meu
é meu cantar
O tempo parado na sala
o pão e a mortalha
o medo de amar
É tudo meu
é caminhar
É o equilíbrio entre o chão e o Universo
na tênue linha que corta o ar
Mal sei o que sou,
identidade entre névoas,
pistas discretas indicam meu Eu
Cultivo com carinho
os retalhos que me criam
colagem efêmera de fotografias de Deus