Livra o nome de inúteis sons
Livra o nome
de inúteis sons
de letras a mais
ou a menos
Livra o destino
do nome gravado
Do nome escrito
em areia do tempo,
no imutável tempo
do nome
Livra a alma
de escudos, estrelas demais
De tudo supérfluo,
de toda superfície,
do aluamento do ser
Livra a liberdade
de todo lastro
De qualquer lustro
De vocábulos insólitos, grandiloqüentes,
feitos de nada,
vocábulos de enfeite, confeitos
Livra-te do palmo de terra
que te cabe
De panfletos do sentimentalismo
Dos improvisos da paixão
Livra-te de ti
antes de tudo
Livra-te a fio de navalha
Livra-te a fio de idéia
que da dor faz palha
Livra-te de idéias fixas
Porque a dor alheia
também é nossa
Lindolf Bell
Poeta catarinense, pouco conhecido fora de suas terras, apesar de sua densa obra. O primeiro de alguns poemas dele que disponibilizarei aqui.