Autodeterminação dos povos e integração latino-americana por meio da valorização da cultura e da democratização da comunicação.

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2 de junho de 2009 — por

o silêncio e a observação

Uma visita inesperada neste sábado à noite me fez ficar em casa. Da janela de meu quarto podia vê-la, e ela a mim. E assim ficamos em um profundo silêncio contemplativo por alguns minutos.

A minha pouca paciência, reflexo da velocidade imposta pela atual sociedade do “agora ou nunca” me fez desistir do duelo imposto. E isso me custou a ânsia de, a todo momento, voltar e dar uma espiadela pra ver se ali ainda estava minha companheira daquela noite. Ela, sem pressa e sem dor, seguia firme em seu propósito. Em silêncio, me ensinou a calar.

Foi através de seus olhos penetrantes que pude ver como somos ridiculamente rápidos. A velocidade é um dos principais fatores de nossa sociedade. A quebra da distância pela velocidade e pela facilidade de comunicação/transporte. A quebra do tempo.

Olhei novamente pro meu PC, com as janelinhas do MSN piscando. Com as páginas se atualizando. Com o vídeo que baixava. Com o texto que escrevia. E ao olhar novamente pra ela, sua paciência me ensinou a parar.

Percebi como vivo (vivemos?) em um mundo veloz. Não somente no dia a dia, no trânsito, na tecnologia. Vivemos em um mundo em que não temos tempo nem mesmo pra saber o que queremos. O que fazemos afinal? Porque corremos tanto? Pra que? Algumas pessoas nem mesmo sabem responder. Eu também não sei. Mas questiono.

Percebi então como é difícil se desligar deste mundo conectado. Pensei no MSN que sempre está aberto. No gmail que me notifica a cada nova mensagem que recebo. Nas revistas que me falam tanto de tudo. Nos sites que me levam pra outras realidades. Pensei no meu celular, que só desliga quando está sem bateria. E pensei em vocês, todos vocês que estão na mesma neurose comunicativa. Àquela que sentimos todos os dias, a qual nos impulsiona a querer (e ter) que buscar informações de todas as maneiras, sejam elas de nossos amigos, conhecidos ou desconhecidos.

Percebi então como estamos atolados em um mundo que não se desliga. Que como cães em um carro vemos tudo passar rapidamente, pela janela, e não temos tempo de nos ater ao que nos interessa. Estamos na autovia da comunicação, e, no final das contas, melhor estar nela do que marginal a ela. Então seguimos assim, correndo.

Naquela noite, o sono não chegou com tanta rapidez. E ali, sozinha com meu travesseiro pude perceber como o silêncio nos espanta. Pois ele traz consigo a força da respiração. Alguns segundos já me levaram para um outro plano: aquele em que estamos meio acordados e meio dormindo. Ainda não sonhamos, mas pensamos. Confesso que já são pensamentos soltos, pensamentos sem métrica, sem lógica, sem rumo. São eles que nos carregam pro mundo dos sonhos, isso, senão formos interrompidos por algum chamado.

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