A associação surge, juridicamente, em 2007, porém nossos trabalhos remetem ao ano de 2005. Foi durante o Fórum Social Mundial desse ano, em Porto Alegre , que alguns ativistas, oriundos especialmente do movimento estudantil, despertaram para a efervescência dos movimentos sociais e culturais e tiveram a ideia de percorrer a América Latina realizando pesquisas sobre a história do povo latino-americano e sua cultura.
Este agrupamento inicial recebeu reforços e foram realizadas uma série de viagens pelo nosso continente, passando por países como Bolívia, Peru e Venezuela. Essas andanças foram documentadas por meio de fotos, textos e vídeos. Parte disso está disponível na Internet, como o Vídeo Documentário 36, que retrata o processo da Assembleia Constituinte boliviana.
A primeira intervenção política como organização ocorreu no Fórum Social Mundial de 2006, em Caracas. Lá o grupo realizou a atividade Alternativas para Integração Latino-Americana, reunindo cerca de 30 pessoas de 7 países da América Latina. Essa troca de experiências ajudou a montar uma rede de contatos que se mostrou importante para a posterior atuação do coletivo.
Neste mesmo ano, realizamos em Curitiba a Semana de Integração Latino-Americana, evento voltado para o debate de temas relativos à agenda do continente, buscando suscitar a questão entre a comunidade acadêmica e os estudantes da rede pública de ensino. Do mesmo modo, participamos da organização do II Encontro de Direito e Cultura Latino-Americano, sediado na UFPR e que teve por objetivo repensar o Direito e a Cultura por meio dos olhos, vozes, ouvidos e corações latino-americanos.
A partir daí, o grupo viveu um processo de amadurecimento e institucionalização, registrou seu estatuto e passou a funcionar sob a forma jurídica de associação civil sem fins lucrativos. Tal
processo resultou também em algumas parcerias, como a que temos até hoje com a Universidade Federal do Paraná e com entidades estudantis, colaboradoras na realização do Festival de Cultura, que ocorre desde 2006 em Curitiba. O Festival reúne grupos culturais que praticam a construção coletiva e, em geral, não têm espaço na grande mídia. A iniciativa já contou com cinco edições e promove oficinas e debates pautados pela comunicação cidadã, diversidade cultural e sustentabilidade da vida no planeta, além de apresentações artísticas.
Em 2008, o Soylocoporti desenvolveu um trabalho de registro da cultura do Quilombo de João Surá, na cidade de Adrianópolis (PR), no Vale do Ribeira. A realização do documentário João Surá – 200 anos de resistência permitiu que fosse desenvolvido o Projeto de Inclusão Digital e Cultura no Quilombo de João Surá. Através de uma parceria com a Eletrosul, foi implantada uma rede de Internet com disponibilidade de acesso 24h e formou-se uma turma base com visão crítica sobre o uso e aplicação dos recursos de comunicação via Internet, visando a disseminação do conhecimento para os demais membros da comunidade.
No ano seguinte, deu-se prosseguimento aos trabalhos na comunidade com o Projeto de Sustentabilidade no Quilombo João Surá, uma parceria com o Governo do Estado do Paraná e a UFPR, através do programa Universidade Sem Fronteiras. O projeto promoveu o planejamento para a criação de uma casa de beneficiamento de alimentos tradicionalmente produzidos na comunidade, como forma de geração de renda sustentável baseada nos princípios da agroecologia e da economia solidária.
Outra frente de atuação do coletivo é o Pontão de Cultura Kuai Tema, que por meio de convênio com o Programa Cultura Viva do Ministério da Cultura, trabalhou para a articulação dos Pontos de Cultura no Paraná. Em 2009, o Pontão percorreu o estado com o Seminário de Formação em Cultura Digital e criou uma rede de comunicação e de troca de experiências entre os Pontos – o Portal Nós da rede. A vivência de formação em cultura digital com os Pontos de Cultura resultou na Cartilha da Cultura Digital, uma espécie de manual de como produzir e disponibilizar online conteúdos de comunicação em software livre. A documentação audiovisual das práticas culturais do Paraná resultou no Breve Panorama da Cultura Popular no Paraná.
Além da atuação em seus projetos, o coletivo tem contribuído para as lutas pela democratização da cultura e da comunicação, por meio da Rede Paranaense de Pontos de Cultura e da Frente Paranaense pelo Direito à Comunicação e Liberdade de Expressão – Frentex PR. Participamos ativamente da I Conferência Nacional de Comunicação e da II Conferência Nacional de Cultura, incluindo suas etapas preparatórias, municipais e estaduais. Também estivemos no II Fórum de Mídia Livre – FML (Vitória, 2009) e participamos da construção do III FML (Porto Alegre, 2012) e do II Fórum Mundial de Mídia Livre – FMML (Rio de Janeiro, 2012), que ocorreu junto à Cúpula dos povos da Rio +20.
Contribuímos também em diversas iniciativas de comunicação compartilhada – Teia Sul 2010, Jornada de Agroecologia, FSM 2010, FSM 2011 e FSM 2012. No Festival de Cultura 2009, coordenamos uma nova experiência de comunicação compartilhada, que repetimos no ano seguinte. E pela experiência de comunicação em rede do Portal Soylocoporti, fomos contemplados com o Prêmio de Mídia Livre, concedido pelo Ministério da Cultura. Dessa maneira, contribuímos para a construção de uma comunicação democrática, que favorece o surgimento de uma democracia participativa, na qual cada cidadão reflete, dialoga, se expressa e cria.
Recentemente produzimos o documentário e a revista “Cultura – da Universidade às Ruas”, que conta a história do Festival a partir do acervo da comunicação compartilhada do evento, desde 2006. Realizamos um evento de lançamento em dezembro de 2011, gratuito, com apresentações musicais, exibição do documentário e distribuição da revista. Também no ano passado produzimos a série de documentários Ponto Extremos – Relações de Fronteira, e já em 2012 o vídeo autoral Memórias de Maria, ambos em parceira com o Lab Cultura Viva, que se encontram em processo de finalização.